Saludo!

Buenas viventes! Venho mostrar, com humildade, meu ofício de guasqueiro através dos meus trabalhos. Espero que seja do agrado de todos. Forte abraço, e que o Patrão Maior nos abençoe nessa jornada!

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Guaiaca Tropeira

-"Tradição é tradição, se vamos preservá-la, que as coisas sejam conforme antigamente"!
Assim me disse o amigo Daniel Silva, ao me encomendar uma guaiaca serrana, estilo as que os tropeiros usavam.
Duas fivelas e uma "munaia" de uma algibeira atrás pra guardar os cobres, bem no estilo antigo.
Pesquisamos em alguns livros os possíveis desenhos (O gaúcho - J.C Paixão Côrtes, Pilchas do Gaúcho - Véra Stedile Zattera, algumas pesquisas na internet, pinturas, fotos antigas...) e o galo conseguiu uma guaiaca parecida pra tirarmos uma base até chegarmos próximo ao modelo. Olhando o desenho o galo pediu que mudasse alguns detalhes, mas que poderia ser direto no couro..."porque essa coisa de desenho fica meio esquisito"! Entre um mate e outro o esboço foi feito e assim, arreglando os detalhes, mudando daqui, arredondando dali, saiu a guaiaca do "hóme do céu" (como se diz aqui pelas Lages).
Na primeira semana, durante a preparação e corte do couro mateamos e escolhemos as costuras..."Não carece luxo, que os gaudérios tropeiros não tinham isso, é pra ser simples como painel de jipe"... me dizia o taura.
E foi assim (por essa luz que me alumia) que saiu a dita peça!

 Couro cru, sovado à quatro caras retovado com tentos de lonca de cabrito. A costura nas bordas foi o "ponto do lado", como chama o amigo e guasqueiro Ximango, que o Daniel já tinha pedido em um cinto que fiz há algum tempo, e do qual gostou muito.
 A marca foi com costura de "pelo", os botões de maneia de 4 tentos com presilhas de sovéu. As bordas da algibeira uma "costura de crista", pra ficar simples  mas de boa aparência, destacando o corte.
 
Do esboço inicial (acima) mudando alguns detalhes saiu a baita, e o galo saiu daqui há uns dez minutos, faceiro qual ganso novo em taipa de açude, certo de que não fugiu da escola, se tratando de preservar a tradição!
Bueno, segue a lida, e que o Patrão Maior nos abençoe nessa jornada, pois o serviço, graças a Ele, anda dobrado!
Forte abraço.